Parentes de mortos em megaoperação protestam em frente ao IML e fecham via
30/10/2025
(Foto: Reprodução) Parentes de mortos em megaoperação protestam em frente ao IML e fecham via
Parentes de mortos na megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha fizeram um protesto, na tarde desta quinta-feira (30), em frente ao Instituto Médico Legal e chegaram a fechar a Avenida Francisco Bicalho, que foi liberada por volta de 18h25. Os manifestantes reclamavam da dificuldade de reconhecer e liberar corpos.
A operação teve 121 mortes, incluindo quatro policiais. Segundo o governo do Rio, fora os agentes, todos os outros mortos têm envolvimento com o crime organizado.
No ato desta quinta, cerca de 30 pessoas deram as mãos e bloquearam a via. Em seguida, ficaram de joelhos, pedindo justiça pelos entes queridos e agilidade na liberação dos corpos.
Agentes da Polícia Militar usaram spray de pimenta para dispersar os manifestantes.
De acordo com pessoas que estavam no ato, o IML teria dito que estava encerrando os trabalhos por hoje e que ninguém mais entraria pra reconhecer corpos.
"Sabemos que estão mortos, mas queremos que liberem os corpos para a gente enterrar com dignidade", disse Jade Giovana, que aguarda a liberação do corpo do seu parente Cleiton César Dias.
Identificação dos corpos
De acordo com a Polícia Civil, o procedimento de reconhecimento visual do corpo, que é falho, não é utilizado no Rio de Janeiro, assim como em diversos países. A identificação é feita por meio de técnicas forenses precisas.
O secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, afirmou, durante entrevista coletiva na tarde desta quinta, que 15 corpos já tinham sido liberados e cerca de 50 identificados.
"Temos muitos que são de outros estados, cuja identificação leva mais tempo porque a gente tem que falar com a polícia técnica desses estados pra obter mais dados e ter identificação, por isso esta demorando mais um tempo", disse Curi.
A expectativa, segundo Curi, é de que o trabalho seja concluído até o fim da semana.
Perícia dos corpos
Três peritos legistas e um promotor de justiça acompanham todas as necropsias.
A Defensoria Pública do Estado também pretendia estar presente durante esse trabalho, mas a representante que esteve no local informou que foi impedida de acompanha as perícias nos corpos.
"A gente esta correndo contra o tempo porque esses corpos não vão ficar a disposição da defensoria. A gente sabe que eles provavelmente serão encaminhados para o sepultamento. Por isso que estamos aqui desde cedo pra participar da produção dessa prova, mas nos foi impedido," disse a defensora pública Rafaela Garcez.
A polícia civil disse que o acesso ao Instituto Médico Legal (IML) está limitado aos policiais civis e membros do Ministério Público.
Lembrou, ainda, que cumpre todas as regras estabelecidas pela ADPF 635. O trabalho é desenvolvido por peritos oficiais da Polícia Civil, e acompanhada por peritos independentes do Ministério Público.
Segundo a polícia, esta é uma rotina técnica e o ambiente é controlado. Todas as informações constarão nos autos do processo e ficarão disponíveis para todas as partes envolvidas.
O Secretário de Segurança Pública, Victor Santos, disse que o órgão não fez um pedido para acompanhar as perícias. Já a Defensoria enviou uma petição ao Ministro Alexandre de Moraes.
Ele é o novo relator, no Supremo Tribunal Federal (STF), da ADF das favelas, que estabelece um conjunto de regras para as operações policiais no Rio de Janeiro.
Avenida Francisco Bicalho é fechada durante protesto
Mariana Bispo/TV Globo