Megaoperação no Rio não tinha nada a ver com a atividade da PF, e pedido deveria ser feito de maneira oficial se houvesse interesse, diz Lewandowski
30/10/2025
(Foto: Reprodução) 'Era uma questão estritamente local e de interesse do governo estadual', diz Lewandowski sobre megaoperação no RJ
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que a megaoperação no Rio de Janeiro, que resultou em mais de 120 mortes, era uma "questão estritamente local" e que "não tinha nada a ver com a atividade da Polícia Federal".
Segundo ele, um eventual pedido de participação do governo federal em uma ação "de tal envergadura" deveria ter sido feito de forma "oficial", e não por meio de uma comunicação informal em "terceiro escalão".
"Era uma questão estritamente local, de interesse do governo estadual, não tinha nada a ver com a atividade da Polícia Federal."
O ministro deu a versão do governo federal sobre a polêmica da não participação da PF na operação, que foi planejada e executada pelas autoridades do Rio de Janeiro.
"Nós do governo federal nos vimos diante de um fato consumado. [...] É uma operação de responsabilidade exclusiva das autoridades locais, das autoridades do Rio de Janeiro. Nós não tivemos nenhuma participação, absolutamente nenhuma ingerência nesta operação."
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'Comunicação não seria em terceiro escalão'
Lewandowski explicou que a atuação da PF é determinada pela Constituição e pela lei, focada em cumprir mandados da Justiça Federal, e não em operações de competência estadual.
Ele minimizou a troca de informações entre as polícias locais e a superintendência da PF no Rio, que foi confirmada pelo secretário de Segurança do RJ. Para o ministro, esse tipo de comunicação não representa um pedido formal de ajuda.
"O que eu quis complementar é que, se fosse o desejo ou a intenção do governo estadual de pedir a participação do governo federal numa operação de tal envergadura, é claro que a comunicação não seria feita ao nível de terceiro escalão, de maneira informal, mas sim teria que ser feita de forma oficial", declarou Lewandowski.
PF abrirá 'inquérito guarda-chuva'
Apesar de delimitar o papel da PF na operação específica, o ministro afirmou que o governo federal vai reforçar a atuação de inteligência no estado. Ele mencionou a determinação do STF na "ADPF das Favelas" para que a PF investigue a atuação das facções.
Lewandowski anunciou que o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, "vai abrir um inquérito macro, uma espécie de inquérito guarda-chuva", para abarcar todas as investigações sobre o crime organizado no Rio, semelhante ao que foi feito na Operação Carbono Oculto em São Paulo.
"O doutor Andrei Rodrigues anunciou que vai abrir um inquérito macro, uma espécie de inquérito guarda-chuva, como aconteceu no caso dos combustíveis [...] abarcando todas as investigações."
Operação Contenção no Complexo da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro
Arte g1