Jovem presa por engano no Rio tenta retomar a rotina após 12 dias na cadeia: 'Achei que fosse morrer lá dentro'
Jovem presa por engano no Rio tenta retomar a rotina após 12 dias na cadeia: 'Achei que fosse morrer lá dentro'
Três dias depois de ser libertada, a vendedora Rayane de Oliveira, de 22 anos, tenta recuperar do trauma de ter sido presa injustamente. Ao lado do namorado, Arthur, ela aproveitou o primeiro passeio ao ar livre desde que deixou a cadeia, onde passou 12 dias presa por engano, acusada de roubar uma farmácia no Méier, na Zona Norte do Rio.
“Ainda tô sem saber por onde começar. Minha vida parou no trabalho, na família, parou tudo. Mas eu tenho que recomeçar. Não posso parar por um erro que não foi meu”, disse Rayane.
Rayane deve voltar ao trabalho na próxima terça-feira. Até lá, tenta se refazer do que chama de “pesadelo”.
O caso veio à tona em maio, quando dois funcionários de uma farmácia reconheceram Rayane por foto — retirada das redes sociais dela — meses depois do crime. O vídeo de segurança do assalto, no entanto, mostra três mulheres diferentes, e nenhuma perícia oficial havia sido feita até então.
Após reportagem do RJ2, dois peritos convidados pela emissora analisaram as imagens e concluíram que Rayane não era uma das criminosas. A Defensoria Pública também fez uma perícia e entrou com pedido de liberdade.
Com a repercussão, o Ministério Público voltou atrás e reconheceu que houve um equívoco. A Polícia Civil admitiu o erro no reconhecimento fotográfico. Na terça-feira, a Justiça expediu o alvará de soltura.
“Achei que fosse morrer lá dentro”
Rayane foi presa em junho, quando ia tirar uma foto de trabalho com colegas. Ela lembra o momento da abordagem:
“Chegaram dois policiais agarrando a gente por trás, falando ‘perdeu, perdeu, tá presa’. Eu dizia: ‘Moço, tem alguma coisa errada, eu sou vendedora, trabalho no shopping’. Mas ninguém escutava.”
Na delegacia, ficou horas sem informações antes de ser levada ao presídio. “Eu ficava andando de um lado pro outro, pedindo pra alguém me dar uma resposta. Achei que ia morrer ali dentro, naquele escuro”, relembrou, chorando.
Liberdade com restrições
Mesmo com o reconhecimento do erro, Rayane ainda responde ao processo. A Justiça determinou que ela compareça a cada dois meses ao fórum e só pode deixar a cidade com autorização judicial.
“A única prova que eles tinham era uma foto. Acabaram com a vida de uma inocente que trabalha, tem família, tem tudo pela frente. Agora quero que paguem pelo erro deles”, afirmou.
A Polícia Civil informou que a imagem de Rayane foi retirada dos álbuns de suspeitos. A Justiça do Rio ainda não respondeu se as medidas cautelares impostas a ela serão suspensas.FONTE: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2025/10/31/jovem-presa-por-engano-no-rio-tenta-retomar-a-rotina-apos-12-dias-na-cadeia-achei-que-fosse-morrer-la-dentro.ghtml