É #FAKE vídeo de mulher com cartaz dizendo que filho traficante morreu porque 'escolheu caminho errado'; cena foi criada com IA
05/11/2025
(Foto: Reprodução) É #FAKE vídeo de depoimento de mãe de traficante morto em megaoperação no Rio; conteúdo foi produzido com IA
Reprodução
Circula nas redes sociais um vídeo de 15 minutos mostrando o suposto depoimento da mãe de um traficante atingido na megaoperação policial que deixou 121 mortos na terça-feira (28), no Rio. É #FAKE.
selo fake
g1
🛑 Como é a publicação falsa?
Publicado neste domingo (2) no YouTube, onde passou de 530 mil visualizações, o vídeo tem o seguinte título:"'Meu filho escolheu caminho errado! Eu avisei': Mãe de traficante morto na operação do Rio fala tudo". Na cena, que foi criada com inteligência artificial (IA), uma mulher aparece em primeiro plano exibindo o cartaz com o rosto de um jovem (ao fundo, um grupo de pessoas também segura cartazes com mensagens). Ela fala:"Meu filho estava errado. Ele escolheu o caminho errado".
A descrição do conteúdo diz: "[...] Entre lágrimas, ela reconhece que o próprio filho, um jovem de 24 anos, fez escolhas erradas ao se envolver com o crime [...]. essa mãe traz uma mensagem poderosa: o crime não compensa. Em meio ao sofrimento, ela elogia o trabalho das forças de segurança [...]".
Só após essa descrição, aparece um aviso dizendo que se trata de um material fictício: "Este vídeo é uma dramatização baseada em histórias e situações que infelizmente fazem parte da realidade de muitas comunidades brasileiras. Todos os personagens e falas são ficcionais [...]".
Ainda mais abaixo, surge um alerta do próprio YouTube: "Conteúdo sintético ou adulterado – O áudio ou o vídeo foram editados, ou gerados digitalmente de forma significativa". Apesar disso, a seção de comentários tem mensagens de pessoas que acreditaram na veracidade da registro. Veja três exemplos: "Você é uma mãe guerreira, seu filho que não te ouviu"; "Mãe é a pessoa que mais sofre... você fez tudo por seu filho"; e "Mãe não tem culpa do filho [que] escolhe mau caminho".
O material falso viralizou após a polícia do Rio de Janeiro ter realizado uma megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, que foi considerada a mais letal da história do estado.
⚠️ Por que isso é mentira?
O Fato ou Fake submeteu o vídeo ao SynthID Detector, plataforma do Google que verifica conteúdos gerados com a ferramenta de IA da própria empresa. Resultado da análise: "Feito com IA do Google (vídeo) – Synth ID identificado em todo ou parte do conteúdo carregado".
Essa tecnologia insere uma marca d'água para identificação de material gerado com modelos de IA do Google. Essa espécie de selo é incorporada em vídeos, imagens, áudio ou texto fabricados sinteticamente.
Embora imperceptível para humanos (que não conseguem verificar o indicador apenas assistindo às cenas ou escutando os áudios), a técnica é detectável pelo sistema.
Diferentemente de outros modelos que geram deepfakes a partir de vídeos reais, a IA do Google tem a capacidade de produzir cenas hiper-realistas do zero, ou seja, sem a referência de um algo real já publicado.
O Fato ou Fake também submeteu o vídeo à plataforma Hiya, que identifica falas criadas ou manipuladas por IA. Resultado da análise: em uma escala de 0 a 100 de "nível de autenticidade", o áudio obteve a pontuação 1– trata-se, portanto, de deepfake (técnica que permite alterar conteúdos como vídeos e fotos).
Imagens mostram falhas típicas de conteúdos gerados por IA, como erros nos cartazes e bandeiras
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